Trechos de livros sobre animais sempre me emocionam... Lendo Tom Lake, destaquei este:
Maisie boceja, esticando as mãos para tocar o batente da porta, Hazel nos calcanhares dela. Hazel é algum tipo de terrier caramelo com uma pata dianteira torta e pelo bonito e irregular que se projeta em tufos. Maisie a adotou no abrigo municipal onde trabalhou durante o segundo semestre da faculdade de veterinária. Os funcionários identificavam as gaiolas com nomes simples — Opie, Sparky, Goober e Bear —, promessas subliminares de quanto esses cães seriam bons garotos e garotas. Hazel fora havia muito tempo posta numa gaiola numa ala cheia de brutamontes enormes que mordiscavam as barras de metal dia e noite na esperança de devorá-la, e Hazel, por sua vez, adquiriu tantos hábitos ruins que um dos funcionários rabiscou a palavra “bruxa” abaixo do nome dela com uma caneta marca-texto preta. Esses hábitos ruins, somados à pata manca e ao que parecia ser sarna, a tornaram inadotável e, depois de várias semanas no abrigo, Maisie viu a etiqueta na gaiola da “bruxa” Hazel indicando que o tempo dela havia acabado. Ela continuou voltando para passar biscoitos por entre as barras. Os últimos biscoitos. — Cuidado com os dedos — dissera o supervisor, quando Maisie anunciou o plano de levar Hazel para casa no fim de semana. Mas assim que enfiou a mão na gaiola, a cachorra começou a uivar, sem acreditar que a sorte lhe pudesse sorrir tão tarde numa vida desafortunada. Os estudantes eram advertidos sobre os perigos do sentimentalismo, mas naquele dia Maisie escolheu ignorar a lição, e a pequena terrier sarnenta sacudiu um rabo agradecido junto a ela.
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